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quinta-feira, 27 de maio de 2010

O PASTOR TIMÓTEO, EU E VOCÊ.

Queridos irmãos Pastores:

Somos líderes cristãos e isso, se por um lado representa um grande privilégio, traz consigo enormes responsabilidades.

Paulo escreveu a Timóteo, seu filho na fé, duas cartas, com o intuito de instruí-lo quanto ao exercício do Pastorado de forma que ele se conduzisse exemplarmente.

Logo no início da primeira carta Paulo lembra a Timóteo que ele havia sido deixado em Éfeso para que:

Admoestasse aqueles irmãos a manterem o foco no serviço e na essencialidade da fé cristã.

Paulo diz a Timóteo que este deveria admoestar aqueles irmãos para que a que não ensinassem outra doutrina. Quando li este trecho inicial desta carta (1.1-5) me lembrei daquele emocionante episódio no qual Paulo se reúne com os Presbíteros da Igreja de Éfeso, em Mileto e lhes dirige a palavra no afã de instruí-los a que estejam atentos porque após sua saída muitos lobos vorazes penetrariam naquele rebanho e que, dentre eles mesmos, se levantariam homens que diriam coisas pervertidas para seduzir os discípulos. (Atos 20.29.30)

É extraordinário notar como temos a tendência natural de nos desviarmos da verdade. Essa sempre foi a temática da Igreja do Antigo Testamento, (Israel). Com que facilidade eles sucumbiam e se deixavam contaminar. Ao lermos o enunciado do Decálogo veremos que o primeiro mandamento adverte, exorta e instrui a que seu povo, naquele contexto libertado do jugo egípcio, nunca se esquecesse de que há um só Deus, ou seja, o Deus que os havia libertado do terrível e humilhante cativeiro. Os egípcios tinham muitos deuses, mas Jeová é o único Deus verdadeiro. Um estudo mais detalhado da história de Israel irá nos mostrar que durante toda a trajetória de Israel, até o advento do Messias, Deus por diversas vezes foi trocado e isso acabou por implicar em muitos prejuízos para aquela nação, povo escolhido para, dentre outros objetivos, viver e pregar o monoteísmo.

A Igreja dos dias de Paulo corria o mesmo risco de se desviar da verdade. Alguns comentaristas preferem traduzir o termo heterodidaskalein também como “ensinar diferente” ou “segundo um método novo”. Se admitirmos essa tradução, isso implicará em que Paulo está dizendo a Timóteo que não permita que se introduza novas formas de ensino que não estejam de acordo com a verdadeira e sã doutrina, porque assim como há uma só verdade, também há só uma forma e método simples de expor essa verdade, de tal maneira, que não é necessário nenhuma perfumaria ou mesmo qualquer adereço.

Mas heterodidaskalein pode ser traduzido por “ensinar algo diferente”. Vivemos em dias, também, nos quais vemos “novas doutrinas”, que se auto denominam verdades bíblicas. Uma rápida passagem pelos canais de televisão deixará essa verdade patente aos nossos olhos e ouvidos. Provavelmente haja poucas avenidas onde não encontremos uma dessas novas comunidades que pregam “essas novas doutrinas” de “maneira diferente” do original.

Hoje encontramos os propagadores da teologia da prosperidade transformando a Igreja em um balcão de negócios. Usam de todos os meios marqueteiros para encher suas igrejas porque sabem que é mais fácil manipular as emoções em meio a uma multidão. Eles sabem que com a emocionalidade exacerbada, “fenômenos” acontecem em profusão sendo de pronto contabilizados como se fossem da responsabilidade de Deus. Assim é mais fácil arrancar dinheiro nesse contexto.

E o que dizer dos novos métodos usados por esse mercadores da Palavra? Ora eles usam de todos os meios e métodos porque já se deixaram sucumbir pelo pragmatismo. É como disse um dos líderes desse movimento em um churrasco com seus liderados ao se referir ao discurso que deveriam usar para arrancar dinheiro do povo: “É isso mesmo, ou dá ou desce”. E ainda tem muita gente dando e enriquecendo cada vez mais esses lobos vorazes que na verdade se alimentam das ovelhas tosquiando-as.

Em seu livro (leitura que aconselho e sugiro), “O que estão fazendo com a Igreja”, o Rev. Augustos Nicodemos Lopes assevera com total razão em sua introdução, quando ao se referir a esses movimentos que denominamos neopentecostais, afirma:

“Existe uma certa relação entre o neopentecostalismo e o liberalismo teológico, perceptível a olho nu, com a primazia na religiosidade, o conseqüente relegar das Escrituras a plano secundário e o interesse pelo aqui e pelo agora em detrimento da escatologia”. (Obra citada, pág. 13— Editora Mundo Cristão).

Para esse segmento que se cognomina evangélico, mas não é, primazia da religiosidade tem a ver com: a) Fidelidade denominacional acima de qualquer verdade. Não importa se o líder enriqueceu às custas das pobres ovelhas e foi condenado por entrar ilegalmente em outro país sem declarar a quantia de dólares que carregava sorrateiramente. b) Emocionalidade acima de qualquer razão. Nesse caso o que importa é o sentimento, não o mandamento. Para sustentar esse status quo as Escrituras tem mesmo que ser relegada a segundo plano e assim outra doutrina é ensinada com outros métodos (danças litúrgicas, coreografias, jargões em fundamentação teológica, cenografia e tantos outros aparatos, na maioria apelando para as emoções, desde que a audiência seja garantida).

Confesso, como Pastor, que hoje em dia é mais difícil me apresentar como tal. Quando me identifico nessa condição já vou logo dizendo que sou Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil porque, a meu ver, ainda gozamos um pouco de respeito por parte daquelas pessoas mais esclarecidas.

Minha mente, pródiga em imaginar, raciocina da seguinte maneira: O que diria Paulo se visse como está o cenário evangélico de hoje no mundo? Talvez ele dissesse: - Eu disse que isso iria acontecer!

Irmãos Pastores: ainda que seja uma tarefa difícil lutar contra a mídia (porque essa gente já está comprando espaço na mídia radiofônica e televisiva), precisamos manter nossa postura e pregar a sã doutrina. E devemos fazer isso com a mesma simplicidade e singeleza com que o evangelho foi pregado mesmo nos dias de Paulo. Precisamos cuidar de nossa vida devocional, e de nossa santificação. para podermos receber de Deus, por meio do seu Espírito Santo, o devido poder para pregar as verdades eternas e assim falar somente o que Deus quer que falemos, com coração puro, consciência boa e sem hipocrisia. Precisamos, em agindo assim pregar mensagens mais cristrocêntricas pois ele é a verdade encontrada na Escritura, de capa a capa.

Que Deus nos preserve assim e nos encontre sempre fiéis!

Amém.

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