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sábado, 29 de maio de 2010

O ATEÍSMO CRISTÃO

Há ateus explícitos, ou seja, aqueles que declaram não crer em Deus e pronto. H.G. Wells e George Bernard Shaw são dois exemplos clássicos. No final de suas vidas revelaram total desespero por terem colocado sua confiança em sistemas sem sustentação e vazios de sentido. Há muitos tipos de ateus. Há os que são discretos, mas há blasfemos e irônicos. Todavia, ao olhar para o mundo evangélico dos nosso dias descobri um tipo de ateu, dentro do cristianismo, que é mais letal.

Estava eu um dia no escritório da Igreja quando fui interpelado por um senhor que se dizia bastante experiente como cristão. Tinha voz mansa, atitude de aparente sobriedade, citava as escrituras, contava “experiências” com Deus, criticava os sistemas tradicionais quase dando a entender que as Igrejas históricas não têm poder para testemunhar de Cristo e do seu Santo Evangelho. A conversa demorou mais do que eu gostaria e me senti mesmo enojado com tanta falta de amor e tanta ignorância com respeito às Escrituras. Ao retornar para casa fiquei digerindo aquela conversa e concluí que, apesar do referido senhor ter citado por diversas vezes as Escrituras e ter falado sobre Deus e Cristo, ele não passava de um tipo de ateu. O ateu cristão.

Os ateus cristão são aqueles que com a boca confessam crer em Deus, mas vivem alienados dEle. Esse tipo de ateu se caracteriza de uma forma muito peculiar. Paulo, referindo-se a ele, diz ao Pastor Timóteo: “..tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto o poder (o poder de Deus)”. II Tm. 3.5
Esses ateus cristãos dizem crer em Deus, mas negam isso na prática, pois demonstram não temê-Lo. Vivem na dependência de seus próprios recursos, tramam contra o irmão em Cristo assim como Caim fez com seu irmão Abel, mesmo depois do culto que pretendeu oferecer a Deus. Deus o rejeitou não tanto pela oferta, mas porque seu coração era cheio de perversidade e de projetos iníquos.

O pior ateu não é aquele explicito, mas aquele travestido de cristão. Ele diz crer em Deus, mas precisa ver para crer. A Bíblia, o livro dos cristãos, ensina de forma clara e inequívoca que é o contrário, ou seja, é preciso crer para ver.

O ateu cristão é aquele que vive com um pé no mundo e outro na Igreja, ou vive de Igreja em Igreja tentando achar aquela que, no entendimento dele, é a certa. O que ele não percebe é que sua falta de fé genuína nunca permitirá que ele encontre qualquer lugar onde possa se acomodar porque haverá sempre críticas e dúvidas sobre as pessoas e as instituições.

O ateu cristão vive buscando satisfazer a si mesmo e aos seus anseios e paixões, muitas vezes, camuflados em uma conversinha aparentemente humilde e com “base” bíblica.

O ateu cristão é totalmente infrutífero. Ele fala em evangelismo, mas é o primeiro a não evangelizar. Ele fala em frutificar, mas é totalmente estéril. Ele critica o professor da Escola Bíblica Dominical e o Pregador, mas jamais aceitaria a incumbência de ensinar ou pregar. Ele critica idéias novas, evocando os ensinos do passado, mas não vive por estes e nem está aberto às novidades que nem sempre implicam em pecado. Ele fala que há pessoas que bebem vinho, mas está tão embriagado com seu ego, de tal maneira, que sua língua destrói mais do que o irmão que, na opinião dele, bebe além da conta. O ateu cristão corre para as Escrituras quando se trata de julgar os outros, mas quando se trata de julgar a si mesmo, diz que Jesus ensinou a não julgar.

Cuidado com o ateu cristão. Ele é como o cupim que vive na clandestinidade e deixa um rastro de destruição atrás de si. Ele é como o fariseu que se apresenta como doutor da lei, mas na verdade, doutor da lei que serve para os outros e nunca para ele mesmo, principalmente quando se trata da lei do amor. Cuidado, muito cuidado com o ateu cristão, é melhor ficar longe de gente desse tipo. O pior ateu não é o que diz não crer, mas aquele que diz crer em Deus e vive como um deus para si mesmo.

A BÍBLIA E O PÚLPITO

Queridos irmãos Pastores:

C. H. Spurgeon, um dos mais consagrados Pastores da história do Cristianismo, e tido como exímio pregador de sua época (Século XIX), afirmou que o púlpito servia bem para ocultar os joelhos trêmulos do pregador.

O Púlpito é aquele móvel utilizado pelo pregador sobre o qual ele apóia a Bíblia e o esboço do sermão que se propõe pregar. Em alguns templos ele é colocado no lado esquerdo e, em outros ele ocupa o lugar central em frente à audiência.

O Púlpito exerce certo fascínio sobre algumas pessoas. Recordo-me dos meus tempos de criança quando minha tia Duzolina Dalceno Spilla, zeladora da Igreja Evangélica Congregacional do Belém, na Rua Cesário Alvim, me levava quando ia para fazer a faxina. Em um dado momento eu subia ao Púlpito, abria a enorme Bíblia e começava a “pregar”. Lembro-me também do Púlpito da Igreja Evangélica Congregacional do Parque Cruzeiro do Sul quando era usado pelo competente Pastor Jair Álvares Pintor, ou quando ele trazia pregadores excelentes como John Grant, por exemplo.

Como Pregador do Evangelho já vi Púlpitos de vários modelos e materiais. Quando preguei na Igreja Presbiteriana Central de Itapeva, o Púlpito era um pedaço de um tronco de árvore. Já preguei em Púlpito de acrílico, todo luminoso. Em uma Igreja havia um Púlpito todo de pedra. Há Igrejas em que o Púlpito é quase um lugar intocável. Poucas pessoas podem chegar perto dele. E é bom que saibamos respeitar mesmo esse instrumento sem exageros, todavia.

Mas, o Púlpito é só um móvel, pura e simplesmente, e tenho a mais absoluta certeza que Pedro, ao proferir os primeiros sermões nas suas experiências em Atos dos Apóstolos, não fez uso deles. O Pregador não precisa do Púlpito para pregar sermões bíblicos. O que o pregador precisa para pregar sermões bíblicos é de uma boa hermenêutica e boa homilética associados à uma vida santificada, constituindo-se assim em um canal de bênçãos quando prega.

Devemos entender que mais útil do que o móvel que chamamos Púlpito, dever ser a vida do pregador, de tal maneira, que com ou sem ele, o pregador seja o meio pelo qual Deus comunica as verdades bíblicas que irão transformar pessoas.

Púlpito não é trincheira de onde disparamos nossos dardos contra os ouvintes, mas sim lugar para admoestações e exortações que oferecem cura. Há pregadores que fazem do Púlpito um pelourinho onde a ovelha é flagelada por seus sermões de juízo. Muitos dos que agem assim citam o famoso sermão do Puritano Congregacional Jonathans Edwards—Pecadores nas mãos de um Deus Irado— para justificar a constantes chicotadas como se esse tivesse sido o único Sermão pregado por ele. Mas se formos analisar a vida desse Puritano veremos que não era um chicoteador contumaz, mas um homem que sabia fazer uso da palavra para abençoar seus ouvintes com a Palavra. Esse Sermão citado foi como que uma ilha em meio a um oceano de exortações amorosas e cheias de misericórdia, com certeza.

Há pregadores que usam o púlpito para expor suas considerações pessoais sobre a vida, ou também aqueles que o usam apenas como tribuna de lustro intelectual desfilando seus conhecimentos de teologia totalmente desassociado da tão necessária intimidade com Deus. O Pregador da Palavra de Deus não pode se esquecer, jamais, que ele prega baseado na Palavra de Deus. Usando as boas ferramentas da hermenêutica, o Pregador Sacro vai às Escrituras e tira delas os ensinamentos que julga serem pertinentes às ovelhas colocadas sob seus cuidados. O caminho inverso pode gerar, (e isso tem acontecido ao longo da história do Cristianismo), equívocos, e porque não dizer, até heresias. O pregador não pode nunca se esquecer de que as pessoas podem duvidar de suas palavras, mas com certeza irão crer quando verem o sermão sendo vivido por ele.

O Púlpito não é lugar onde o pregador mostra que tem “razão”, mas sim lugar onde o caminho da reconciliação com Deus é apontado por alguém que o tem trilhado. O Púlpito é lugar de compaixão e de misericórdia mesmo quando a palavra for de exortação porque, quem prega deve estar incluído na mensagem.

...quando o ancoradouro se torna amargo, o navegante pode querer acomodar-se em outro porto....




O Púlpito não é lugar para recados escondidos em palavras de duplo sentido, ou mesmo um lugar para defesa pessoal de nossa particular cosmovisão.

Não importa de que tipo é o Púlpito, nem onde ele é colocado. Para pregarmos o evangelho, doutrinarmos o povo de Deus e alimentá-lo com a Palavra é preciso que sejamos suficientemente humildes para nos lembrarmos que antes de dizermos aos outros sobre o caminho que devem seguir nós já o experimentamos e sabemos onde ele nos leva.

...o Evangelho são as boas-novas..
Sua apresentação deve lhe fazer jus...

Para isso o único instrumento indispensável é a Bíblia, Palavra de Deus, que nos ensina que o caminho da misericórdia é sermos misericordiosos.

Meus joelhos ainda tremem escondidos por detrás do Púlpito, não pelo julgamento que os homens farão de minha Prédica, mas pelo julgamento daquele a quem representamos no momento da profecia e sobre quem fazemos asseverações que demonstrem nossa intimidade com Ele e com a Palavra que nos deixou para, com ela, mostrar como devemos viver de tal maneira que tenha prazer em nossa companhia.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O PASTOR E A DEVOCIONAL

Queridos irmãos Pastores:

Joel R. Beeke, afirma que em seu livro “The Autobiography of na Eminete Lancashire Preacher” John Kershaw disse: “Deus salva a todos os tipos de pessoas, inclusive o ministro”. Ele justifica essa assertiva ao dizer:


“...embora o ministério seja uma grande vocação para remover o Pastor das atrações de um mundo pecaminoso e amaldiçoado, um dos maiores perigos enfrentados pelo ministro é que ele lida com o sagrado com tanta freqüência que acaba por banalizá-lo”. (Citado na obra “O Ministério Pastoral Segundo a Bíblia, Organizado por John Armstrong—Editora Cultura Cristã, São Paulo—SP, pg 59)

As cartas de Paulo a Timóteo são endereçadas a um Pastor. Timóteo era seu filho na fé e Paulo, mesmo já próximo do martírio, escreve a ele no afã de estimulá-lo e orientá-lo sobre alguns aspectos da poimênica. Nessas duas cartas encontramos princípios para o cuidado pastoral das Igrejas e as qualificações necessárias aos Ministros. Em um dado momento da carta Paulo escreve: “...”Exercita-te, pessoalmente, na piedade”. (I Tm 4.8b)

Para Pastorear crentes é preciso que aquele que se propõe e se diz chamado (vocacionado) para essa tarefa seja crente, exemplo de vida piedosa. Não queremos dizer com isso que o Pastor é perfeito. Somente Jesus, o sumo pastor é aquele que foi Pastor perfeito. Quando afirmamos que o Pastor deve ser exemplo de vida cristã nos referimos ao fato de que ele, mais do que qualquer pessoa da comunidade, é alguém que se esmera em estar em comunhão íntima com Deus Criador, Salvador e Senhor. É exatamente essa relação de intimidade que vai gerar vibração, brilho, ânimo, força e encorajamento ao ministro para poder enfrentar os obstáculos sempre constantes na lida ministerial. Essa intimidade com Deus deve passar por uma agenda que inclua:

Das atividades que compõem a agenda de um Pastor, a exposição da Palavra de Deus é aquela para a qual o Pastor deve dar a máxima importância. Em seu livro “Nove Marcas de Uma Igreja Saudável”, Mark Dever defende a tese de que Deus cria tudo através da sua Palavra. Transcrevo aqui esse notável parágrafo da obra citada:

“Podemos tentar criar um povo em torno de um programa de coral totalmente harmonioso, ou centrado em um determinado grupo social, ou mesmo em torno de um projeto de construção, ou ainda da afirmação de uma identidade denominacional, ou mesmo centralizado em uma série de grupos de assistência social, ou ainda criar um povo ao redor de um projeto comunitário, etc...etc... Deus pode usar todas essas coisas, mas em última análise, o povo de Deus, a Igreja de Deus, pode ser criado, tão somente em torno da Palavra de Deus”.

Ler a Bíblia apenas para preparar sermões, palestras e estudos bíblicos pode nos levar pelo campo da banalização e da profissionalização do ministério. É óbvio que devemos ler e devemos buscar todo o preparo para que nossas prédicas sejam corretas do ponto de vista hermenêutico e compreensível do ponto de vista homilético. Mas o Ministro do Evangelho deve desenvolver um relacionamento de intimidade com a Palavra de Deus de tal maneira que sua exposição seja alicerçada na contrição pessoal, e assim não haverá nenhum traço de juízo sobre sua audiência, pelo contrário ele será humilde na exposição da Escritura porque foi o primeiro a ser quebrantado por ela. E devemos confessar com notória sinceridade: humildade é o tempero que dá sabor à prédica.

Mas há outra atividade indispensável e de valor incalculável a todo cristão e principalmente ao Ministro.

Todos grandes homens de Deus mostraram essa marca distintiva em suas vidas: a oração. Nisso conto minha experiência particular e sobrenatural: os meus melhores momentos em minha carreira como Ministro, foram os momentos em que ousei gastar mais tempo a sós com Deus em oração. É lamentável perceber que muitas vezes a correria que caracteriza a vida de um Ministro pode ser um empecilho para que ele exerça o indispensável habito da oração.

Jesus em seu ministério terreno demonstrou, em todos os momentos, o quão salutar e importante é a oração, a comunhão com Deus. Quando oramos demonstramos o quão dependente somos de Deus e damos um golpe certeiro no orgulho, esse inimigo oculto nos labirintos da alma humana. Quando oramos, e quanto mais oramos, mais claro fica o quanto precisamos orar. Martinho Lutero disse: “Quando você não sente o desejo de orar, aí é que você deve orar”.

Eu sei que os mais críticos vão objetar e dizer que sou simplista demais, mas eu uso a réplica para dizer que não há nada mais simples que o cristianismo puro e verdadeiro. A alma humana é tão complexa que ela se recusa em aceitar aquilo que é simples. Portanto, afirmar que a piedade individual de um cristão e de um Ministro Cristão exige maior contato com as Escrituras e mais tempo de oração pode soar simples, mas é essa simplicidade que vemos em Cristo e em todos que O imitaram e imitam hoje.

Quando Paulo escreveu ao seu filho na fé, Timóteo, ele o exortou nesses termos. (I Tm 2.1-8; 4.11-16, II Tm 2.15; I3.14-17). Oração, intercessão, ensino, doutrina, Escrituras, leitura, meditação, são palavras chaves quando se trata do exercício do Pastorado com verdadeira piedade.

A leitura da Bíblia sem a oração pode nos fazer intelectuais teologicamente falando, mas quando unimos as duas práticas laboramos em prol de uma vida piedosa. Oração sem meditação nas Escrituras, pode nos fazer rasos e superficiais, frágeis demais e sem consistência.

O ministro precisa zelar por sua vida devocional para que esteja sempre pronto e habilitado a cumprir a tarefa para a qual Deus o tem vocacionado e que exige uma vida exemplar na prática da verdadeira piedade.

Rev. Mauro Sergio

O PASTOR TIMÓTEO, EU E VOCÊ.

Queridos irmãos Pastores:

Somos líderes cristãos e isso, se por um lado representa um grande privilégio, traz consigo enormes responsabilidades.

Paulo escreveu a Timóteo, seu filho na fé, duas cartas, com o intuito de instruí-lo quanto ao exercício do Pastorado de forma que ele se conduzisse exemplarmente.

Logo no início da primeira carta Paulo lembra a Timóteo que ele havia sido deixado em Éfeso para que:

Admoestasse aqueles irmãos a manterem o foco no serviço e na essencialidade da fé cristã.

Paulo diz a Timóteo que este deveria admoestar aqueles irmãos para que a que não ensinassem outra doutrina. Quando li este trecho inicial desta carta (1.1-5) me lembrei daquele emocionante episódio no qual Paulo se reúne com os Presbíteros da Igreja de Éfeso, em Mileto e lhes dirige a palavra no afã de instruí-los a que estejam atentos porque após sua saída muitos lobos vorazes penetrariam naquele rebanho e que, dentre eles mesmos, se levantariam homens que diriam coisas pervertidas para seduzir os discípulos. (Atos 20.29.30)

É extraordinário notar como temos a tendência natural de nos desviarmos da verdade. Essa sempre foi a temática da Igreja do Antigo Testamento, (Israel). Com que facilidade eles sucumbiam e se deixavam contaminar. Ao lermos o enunciado do Decálogo veremos que o primeiro mandamento adverte, exorta e instrui a que seu povo, naquele contexto libertado do jugo egípcio, nunca se esquecesse de que há um só Deus, ou seja, o Deus que os havia libertado do terrível e humilhante cativeiro. Os egípcios tinham muitos deuses, mas Jeová é o único Deus verdadeiro. Um estudo mais detalhado da história de Israel irá nos mostrar que durante toda a trajetória de Israel, até o advento do Messias, Deus por diversas vezes foi trocado e isso acabou por implicar em muitos prejuízos para aquela nação, povo escolhido para, dentre outros objetivos, viver e pregar o monoteísmo.

A Igreja dos dias de Paulo corria o mesmo risco de se desviar da verdade. Alguns comentaristas preferem traduzir o termo heterodidaskalein também como “ensinar diferente” ou “segundo um método novo”. Se admitirmos essa tradução, isso implicará em que Paulo está dizendo a Timóteo que não permita que se introduza novas formas de ensino que não estejam de acordo com a verdadeira e sã doutrina, porque assim como há uma só verdade, também há só uma forma e método simples de expor essa verdade, de tal maneira, que não é necessário nenhuma perfumaria ou mesmo qualquer adereço.

Mas heterodidaskalein pode ser traduzido por “ensinar algo diferente”. Vivemos em dias, também, nos quais vemos “novas doutrinas”, que se auto denominam verdades bíblicas. Uma rápida passagem pelos canais de televisão deixará essa verdade patente aos nossos olhos e ouvidos. Provavelmente haja poucas avenidas onde não encontremos uma dessas novas comunidades que pregam “essas novas doutrinas” de “maneira diferente” do original.

Hoje encontramos os propagadores da teologia da prosperidade transformando a Igreja em um balcão de negócios. Usam de todos os meios marqueteiros para encher suas igrejas porque sabem que é mais fácil manipular as emoções em meio a uma multidão. Eles sabem que com a emocionalidade exacerbada, “fenômenos” acontecem em profusão sendo de pronto contabilizados como se fossem da responsabilidade de Deus. Assim é mais fácil arrancar dinheiro nesse contexto.

E o que dizer dos novos métodos usados por esse mercadores da Palavra? Ora eles usam de todos os meios e métodos porque já se deixaram sucumbir pelo pragmatismo. É como disse um dos líderes desse movimento em um churrasco com seus liderados ao se referir ao discurso que deveriam usar para arrancar dinheiro do povo: “É isso mesmo, ou dá ou desce”. E ainda tem muita gente dando e enriquecendo cada vez mais esses lobos vorazes que na verdade se alimentam das ovelhas tosquiando-as.

Em seu livro (leitura que aconselho e sugiro), “O que estão fazendo com a Igreja”, o Rev. Augustos Nicodemos Lopes assevera com total razão em sua introdução, quando ao se referir a esses movimentos que denominamos neopentecostais, afirma:

“Existe uma certa relação entre o neopentecostalismo e o liberalismo teológico, perceptível a olho nu, com a primazia na religiosidade, o conseqüente relegar das Escrituras a plano secundário e o interesse pelo aqui e pelo agora em detrimento da escatologia”. (Obra citada, pág. 13— Editora Mundo Cristão).

Para esse segmento que se cognomina evangélico, mas não é, primazia da religiosidade tem a ver com: a) Fidelidade denominacional acima de qualquer verdade. Não importa se o líder enriqueceu às custas das pobres ovelhas e foi condenado por entrar ilegalmente em outro país sem declarar a quantia de dólares que carregava sorrateiramente. b) Emocionalidade acima de qualquer razão. Nesse caso o que importa é o sentimento, não o mandamento. Para sustentar esse status quo as Escrituras tem mesmo que ser relegada a segundo plano e assim outra doutrina é ensinada com outros métodos (danças litúrgicas, coreografias, jargões em fundamentação teológica, cenografia e tantos outros aparatos, na maioria apelando para as emoções, desde que a audiência seja garantida).

Confesso, como Pastor, que hoje em dia é mais difícil me apresentar como tal. Quando me identifico nessa condição já vou logo dizendo que sou Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil porque, a meu ver, ainda gozamos um pouco de respeito por parte daquelas pessoas mais esclarecidas.

Minha mente, pródiga em imaginar, raciocina da seguinte maneira: O que diria Paulo se visse como está o cenário evangélico de hoje no mundo? Talvez ele dissesse: - Eu disse que isso iria acontecer!

Irmãos Pastores: ainda que seja uma tarefa difícil lutar contra a mídia (porque essa gente já está comprando espaço na mídia radiofônica e televisiva), precisamos manter nossa postura e pregar a sã doutrina. E devemos fazer isso com a mesma simplicidade e singeleza com que o evangelho foi pregado mesmo nos dias de Paulo. Precisamos cuidar de nossa vida devocional, e de nossa santificação. para podermos receber de Deus, por meio do seu Espírito Santo, o devido poder para pregar as verdades eternas e assim falar somente o que Deus quer que falemos, com coração puro, consciência boa e sem hipocrisia. Precisamos, em agindo assim pregar mensagens mais cristrocêntricas pois ele é a verdade encontrada na Escritura, de capa a capa.

Que Deus nos preserve assim e nos encontre sempre fiéis!

Amém.

O PASTORADO

Eu sei que a Escritura Santa traz ensinos profundos sobre a poimênica que não devemos, em absoluto, desprezar. Mormente quando olhamos para Jesus.

Todavia, falando sobre “Minha Filosofia Pastoral”, gostaria de fazer aqui algumas considerações que nasceram de uma experiência dialogal.

Recordo-me de uma conversa, entre Presbíteros de uma determinada Igreja, em que um deles, falando sobre a transição Pastoral de sua comunidade, afirmou: - Bem, temos que escolher um Pastor que tenha o perfil de nossa Igreja.

Confesso que, a princípio, me simpatizei com aquele irmão e entendi que sua colocação havia sido pertinente. Afinal de contas se fala tanto em perfil de um profissional para ocupar determinada posição dentro de uma empresa, porque isso seria diferente com respeito ao Pastorado?

Na verdade, como sempre acontece comigo, fiquei digerindo aquela conversa até que conclui se tratar de mais uma postura secularista do Ministério Sagrado.

O que dizer sobre o Pastorado se não aquela benfazeja agenda que está, de certa forma, tão bem exposta, no Manual Presbiteriano, mais precisamente na CI/IPB quando trata dessa questão no Artigo 36 em todas as suas alíneas que não me furtarei expor aqui:

Artigo 36 – São atribuições do ministro que pastoreia a Igreja:

Orar com o rebanho e por este;
Apascentá-lo na doutrina cristã;
Exercer as suas funções com zelo;
Orientar e superintender as atividades da Igreja, a fim de tornar eficiente a vida espiritual do povo de Deus;
Prestar assistência Pastoral;
Instruir os neófitos, dedicar atenção à infância e à mocidade, bem como aos necessitados, aflitos, enfermos e desviados;
Exercer, juntamente com os outros Presbíteros, o poder coletivo de governo.

Deixo aqui, de fora, o parágrafo único que trata de relatórios que o Ministro deve oferecer, de seus atos, ao Conselho e outros Concílios da IPB.

Aí está, em meu entendimento, o indicador do perfil de um Ministro Presbiteriano (e por que não dizer, Ministro de Cristo em qualquer denominação). E aqui há embasamento bíblico como veremos.

Orar com o rebanho e por este, é uma atribuição da qual o Ministro do Evangelho deve se oferecer como exemplo. Ministro que não ora soa paradoxal. Todo crente deve orar, não resta duvida, quanto mais o Pastor! O maior exemplo foi o próprio Cristo que nunca deixou de lado esse item tão indispensável em seu ministério Pastoral. Encontramos Jesus, exatamente no momento mais crucial de seu ministério terreno, orando, enquanto seus discípulos dormiam.

Assim, é mais do que uma questão de perfil é uma obrigatoriedade que crentes orem, quanto mais o Pastor. Oração é meio de graça e por isso deixar de orar é desprezar a graça que vem por esse meio.

Em “Minha Filosofia Pastoral” tenho olhado para essa questão e posso afirmar que nesses tantos anos de Ministério, os melhores momentos são aqueles nos quais mais oro.

A alínea “b” parece bastante genérica. Afinal de contas o que queriam, dizer os legisladores ao afirmarem: Apascentá-lo (o rebanho no caso em tela) na doutrina cristã?

Ora, apascentar é conduzir ao pasto com o objetivo de nutrir, alimentar a ovelha.

A questão primordial aqui é que o Ministro Sagrado deve apascentar as ovelhas do rebanho do Senhor com a Escritura que nutre a alma habilitando-a a viver em comunhão com Deus. A Bíblia aponta para o Salvador como nosso reconciliador e nos ensina o que devemos ser e fazer para nos relacionarmos bem com Deus.

Cabe ao Pastor nutrir a ovelha e não se nutrir dela, o que infelizmente muitos fazem hoje em dia. Cabe ao Pastor, e isso faz parte de “Minha Filosofia Pastoral”, ensinar a sã doutrina para fazer das ovelhas do Senhor, colocadas sob meus cuidados, ovelhas sadias. Por isso é preciso que o Pastor tenha o conhecimento de mestre e esse mestre, tenha o coração de um Pastor. Jesus, também nisso, é um exemplo a ser seguido por todos aqueles que se sentem vocacionados para o Sagrado Ministério.

Todo preparo e aprofundamento no estudo da Escritura, deve ser usado pelo Ministro como instrumento para expor com fidelidade aquilo que ele entende que as ovelhas necessitam ouvir. Mas o Ministro nunca pode se esquecer de que ele também é ovelha do Sumo Pastor e que sua prédica tem o inclui, ou seja, serve para ele, igualmente, assim como serve para as ovelhas sob seus cuidados.

O perfil de um Pastor, o que tem a ver com “Minha Filosofia Ministerial”, inclui, também, o zelo e o esmero com que ele deve cumprir suas obrigações e se desincumbir de suas atribuições. Fazer a obra do Senhor com descuido e de forma relaxada é algo que atrai o juízo de Deus.

O Pastor deve ser zeloso no cumprimento de suas obrigações. O Pastor deve ter como objetivo a excelência porque serve a um Deus cujos padrões são excelentes. Jesus foi um modelo de excelência. Ele agiu de acordo com aquilo que Deus o Pai, na eternidade, havia determinado para Ele. Jesus não recuou mesmo diante da tentativa de Satanás no deserto.

Um Pastor preguiçoso é um tédio no púlpito. Um Pastor relaxado é vazio de experiências para poder aconselhar. Um Pastor que não tem zelo no exercício de suas prerrogativas é presa frágil nas mãos do tentador, já que a cabeça vazia é mesmo uma excelente oficina do inimigo de nossas almas. É fácil ceder aos apelos da carne como fez Davi, quando somos desleixados no cumprimento dos nossos deveres.

O trabalho não deve assustar o Pastor porque não há nada mais terrível do que a sensação de inutilidade, não há nada mais terrível do que ficar enfermo e ser impedido de trabalhar.
Orientar e superintender implica em: estar presente, fazer uso de sua experiência eclesiástica para instruir e sugerir atitudes, provocar avaliação, animar os que se deixam desanimar, demonstrar disposição para retomar de onde outros pararam. Deve saber criticar e não pode deixar de lado o elogio sincero.

Um Pastor precisa ter tráfego livre em todos os segmentos que compõem a Igreja que Pastoreia, precisa ser acessível a todas as faixas etárias, deve tratar todos com isonomia, seja o rico, ou o pobre, o culto, ou o inculto e assim por diante.

Um Pastor não é um faz tudo, mas sim aquele que participa de tudo, se insere e oferece com humildade os seus préstimos. “Em Minha Filosofia Pastoral” o Pastor orienta, instrui e para isso precisa ser presente, se relacionar, estar atento e sempre ouvir com paciência.

Mas a poimênica implica também em instruir os neófitos, dedicar atenção à infância e à mocidade, bem como aos necessitados, aflitos, enfermos e desviados.

Os novos na fé (neófitos) precisam de atenção assim como os recém nascidos precisam de cuidados especiais. Em “Minha Filosofia Pastoral”, e olhando para esse Artigo 36 reafirmo aquilo que escrevi linhas atrás, ou seja, o Pastor deve estar atento às crianças, à mocidade, tão repleta de desafios, aos necessitados, aos aflitos, enfermos e desviados procurando propor caminhos com os quais a aflição, a dor da enfermidade e principalmente os enfermos espirituais, encontrem o caminho de volta para a comunhão. O Pastor precisa manter as ovelhas saudáveis no aprisco e ir até aquela que se extraviou e não economizar esforços para trazê-la novamente para o convívio com os demais irmãos.

Mas, olhando para o Artigo 36 e tomando-o como ponto de partida para compreender qual é, realmente, o Perfil de um Pastor, encontramos essa sugestão tão importante:

Exercer, juntamente com os outros Presbíteros, o poder coletivo de governo.

Infelizmente, o que ocorre, por várias razões e motivos, é que o Conselho toma as decisões, mas é o Pastor da Igreja que é responsabilizado.

Não cometo o equívoco da generalização. Hoje há uma quantidade muito maior de irmãos mais conscientizados sobre o que consiste o governo presbiteriano, mas ainda há um bom número de irmãos que comete esse equívoco, ou seja, confundir o Pastor com o Conselho.

O poder no regime Presbiteriano de governo, é coletivo e está sob a responsabilidade do Pastor, que é o Presbítero Docente, juntamente com o Presbítero Regente. O Artigo 52 doutrina: “O Presbítero tem, nos concílios da Igreja, AUTORIDADE igual a dos ministros.

Na verdade quem Pastoreia a Igreja é o Conselho, já que a autoridade e o poder é coletivo e composto por Presbíteros Docentes mais os Presbíteros Regentes.

Portanto, a saúde espiritual de uma Igreja, a boa performance na administração de seus recursos financeiros, a equânime distribuição de tarefas, as decisões judiciais, a escolha dos procedimentos pedagógicos e didáticos, um bom trabalho de visitação, uma boa participação nos Concílios da Igreja (Presbitério, Sínodo e Supremo Concílio), são, por exemplo, responsabilidades de um Conselho e não apenas de um Pastor. Em "Minha Filosofia Pastoral" não há espaço para decisões unilaterais, individuais e tampouco qualquer ranço de autoritarismo da parte de qualquer Pastor ou Presbítero Regente.

Houve um tempo em que alguns Pastores, por seu aporte intelectual, experiência Pastoral e magnetismo pessoal, subtraiam o Conselho de tal maneira que realmente as decisões eram tomadas sob seu prumo.

Também há, infelizmente, a compreensão equivocada de que o Conselho só é composto por Presbíteros Regentes e que eles são assim como sócios majoritários de uma micro empresa e o Pastor é apenas um diretor de luxo do qual eles podem dispor e indispor a bel prazer.

Na escolha de Pastor a questão do Perfil deve estar atrelada, isso sim, ao cumprimento do que preceitua esse Artigo 36. É óbvio que há questões de regionalidade, culturais, que devem ser ponderadas no momento em que um Conselho, fincado naquilo que preceitua o Artigo 83, alínea “e” irá definir aquele ou aqueles que deverão assumir a poimênica da comunidade colocada sob sua responsabilidade. Mas o perfil de um Pastor está, no referido artigo, delineado de forma suficiente.

Cabe a nós Pastores, estar atentos ao exemplo maior de Pastoreio que foi nosso Redentor. Nele encontramos aquilo que esse Artigo 36 doutrina. Em Jesus vemos um Pastor que orou incessantemente por suas ovelhas e com elas, foi zeloso ao extremo, orientou seu discípulos e treinou-os com eficiência, prestou assistência a todos ao seu redor, instruiu, orientou, e soube dividir responsabilidades.

De todas as qualidades vistas em Cristo, como Supremo Pastor, além do amor imensurável por suas ovelhas, temos também a sua postura humilde, principalmente nos momentos mais críticos de seu ministério terreno. Dele ouvimos e devemos atender: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.

Que Deus abençoe você no seu Pastoreio.

VIVENDO COM EXCELÊNCIA


Nada menos do que a excelência”. Esse deve ser o lema de todo cristão. O cristão tem um encontro marcado com a excelência porque tem um Salvador excelente, um Senhor excelente, um Evangelho cujos princípios são excelentes.


Mas a verdade é que vivemos em um mundo medíocre. Para nos referirmos, primeiramente ao nosso querido Brasil: Aqui temos uma rainha; a Xuxa. Recebíamos lições de moral, ética, bons costumes do falecido Clodovil. O país se diverte assistindo Big Brother Brasil, tem uma classe política que causa náuseas. Apesar dessa quadro, o brasileiro faz piada de tudo e quem faz piada de tudo na vida, acaba fazendo da vida uma piada. Talvez por isso mesmo, há algumas décadas o primeiro ministro francês, Charles De Gaulle afirmou, após visitar nosso país, que o Brasil não era um país sério. Assim é bastante difícil viver com excelência em meio a uma sociologia tão mediocrisada, permitam-me o neologismo.


E essa coisa de medíocre ultrapassa nossas fronteiras já que vivemos em um mundo no qual a maior economia é responsável por uma das maiores crises econômicas de todos os tempos. O mundo investe em pesquisa para descobrir vida em outros planetas enquanto a vida aqui, em nosso velho e cansado planeta terra, vai de mal a pior.


Gastou-se 5 bilhões de dólares para se construir um aparelho que reprisaria o tal do Big Bang e depois de tê-lo posto para funcionar o resultado foi um fiasco. Talvez esses 5 bilhões pudesse ajudar alguns países onde milhares vivem em campos de refugiados e morrem como conseqüência das epidemias e da fome.


Realmente é difícil ser excelente em um mundo tão medíocre.


Para que possamos nos contrapor a esse mundo tão superficializado e mediocrizado, é preciso que:


1. ENCONTREMOS CAUSAS PELAS QUAIS POSSAMOS VIVER OU ATÉ MORRER.
Ao escrever a carta aos efésios, no capítulo 3 do versículo 1 ao 13 Paulo fala da causa pela qual ele dedicava sua vida, ou seja, pregar o evangelho para os gentios.
Não há como negar; um homem sem causa é um homem inútil. Por outro lado, nada é mais útil do que alguém cuja vida é dedicada a uma ou algumas causas.
Ao observarmos a trajetória desse personagem de primeira grandeza nas páginas da história do cristianismo, vemos como foi possível alcançar a excelência ao encarar a tarefa que Deus lhe havia confiado. (Cf. Atos 9. 15,16). Com Paulo nós aprendemos que para vivermos com excelência em um mundo medíocre é preciso, também que:
2. CONHEÇAMOS NA ÍNTEGRA O CONTEÚDO DA CAUSA OU DAS CAUSAS QUE ABRAÇAMOS.
A leitura da passagem citada deixa isso bem claro no caso de Paulo. Ele conhecia a fundo qual era a causa que abraçara. Há um adágio popular que afirma: “Quem sai sem saber para onde ir, já está perdido mesmo antes de sair”. Creio sinceramente que isso é um fato contumaz no mundo tão influenciado pela filosofia relativista pós-moderna. Para que sejamos excelentes é preciso conhecer a fundo a causa, ou causas que abraçamos. Somente quando isso acontece é que sabemos qual é o sentido de nossa existência e a razão da nossa vida. Entretanto, a vida excelente exige também que:
3. ESTEJAMOS DISPOSTOS A PAGAR O PREÇO QUE A CAUSA OU CAUSAS QUE ABRAÇAMOS, EXIGEM.
A carta de Paulo aos efésios faz parte do elenco de cartas denominadas, cartas da prisão. Ele estava preso em Roma, quando escreve essa carta. Preso injustamente por conta de um falso testemunho de que havia introduzido um gentio no templo de Jerusalém e também de que pregava contra a lei de Moisés. Isso nunca foi comprovado.


Todavia, Paulo sabia que a questão era outra. Na verdade ele sabia que o diabo estava por trás de toda aquela trama para cerrar seus lábios e impedir que ele pregasse o evangelho de Cristo Jesus. Os judeus queriam que não se falasse mais nem em Jesus e muito menos que Ele havia ressuscitado de entre os mortos. Paulo sabia que os judeus, mesmo os convertidos ao cristianismo resistiam e relutavam contra a verdade de que ao gentio também fora dado o direito e privilégio de ouvir o evangelho e crendo ser feito filho de Deus.


Foi por essa causa que Paulo abraçou e pela qual viveu intensamente. Ele era cônscio do conteúdo de sua missão, da causa que abraçara; pregar aos gentios. Estava disposto a pagar o preço que a causa exigia.


Conclusão:
Fico boquiaberto ao olhar para a Igreja e ver quantos estão de braços cruzados, sem missão, sem causa.
Fico estupefato ao observar com que facilidade muitos fogem de suas responsabilidade no âmbito da Igreja local, quantos abandonam ou tratam com irresponsabilidade o oficialato ou mesmo o cargo de liderança em uma sociedade interna ou mesmo em qualquer um dos nossos concílios, quer seja Conselho, Presbitério, Sínodo ou Supremo Concílio.
Talvez a pusilanimidade com que encaremos nossas responsabilidades seja o motivo maior da falta de um crescimento real.
Mandela ficou preso por 27 anos e mesmo na prisão tornou-se o maior porta voz contra o apartheid na África do Sul. Ao sair, não só ganhou o prêmio Nobel da Paz como foi eleito o primeiro Presidente nas eleições livres em seu país.
Mahatma Gandhi lutou contra a divisão de seu país e acabou se tornando um mártir, vítima de um atentado, por conta disso. É notável observar que em sua luta contra o neo-colonialismo britânico ele jamais empunhou uma arma sequer.
Rebeldes sem causa se constituem em causa rebelde. Cruzar os braços pode nos levar a agir como o acomodado rei Davi no palácio enquanto Urias lutava por sua segurança.
Prezados irmão Pastores:
Fomos chamados e comissionados como o apóstolo Paulo, e como ele conhecemos qual o conteúdo dessa causa que abraçamos e o preço que ela exige. Então, mãos à obra e que Deus nos abençoe.

PASTOREAR PASTORES.


Confesso que fiquei feliz com a indicação e eleição do meu nome para ocupar, no ano de 2009, a honrosa Secretaria de Apoio Pastoral do PRAT. Pastorear Pastores é uma tarefa, ao mesmo tempo difícil e gratificante. Espero ter iluminação suficiente para gerir essa Secretaria de tal maneira que possamos, nós os Pastores, membros do Presbitério Alto Tietê:


1. Conhecer um ao outro, mais e melhor, de tal maneira que nosso relacionamento conciliar seja mais fraterno;


2. Desenvolver um relacionamento no qual possamos ser, com nossos dons e talentos, mutuamente abençoadores;


3. Oferecer aconselhamento e compartilhamento visando prestar auxílio aos Pastores, que nos procurarem, e assim continuar sua lida Pastoral com ânimo e encorajamento.


Neste ano de 2009 pretendo, com a ajuda de Deus e dos irmãos, realizar dois encontros; um só para nós Pastores, e outro com nossas esposas ou quem sabe toda a família. Confesso que pouco sei sobre a maioria dos Ministros do nosso Presbitério, e acredito que essa deva ser a realidade da maioria. Pense nisso com carinho e compreensão já que a escolha das datas irá depender do sacrifício de um ou de outro se levarmos em conta nossos compromissos e lida ministeriais. O ditado que diz “uma andorinha só não faz verão” é verdadeiro e o bom desempenho de nossa Secretaria depende de todos os Pastores do PRAT, também.


Vivemos a experiência da realização da nossa LXVI Reunião Ordinária na Igreja Presbiteriana de Jardim Medina ( 02 a 06 de 02.2009) onde, diga-se de passagem, fomos muitíssimo bem recebidos. Foi gratificante ver aquela Igreja, a caçula do nosso Presbitério, agindo como Igreja hospedeira como se já fosse uma Igreja veterana. Estamos reunidos extraordinariamente, hoje, nas dependências da Igreja Presbiteriana de Poá (Vila Varela) e somos gratos ao Conselho e à Igreja pela hospedagem e acolhimento. Decisões importantes serão tomadas aqui e, por sermos uma Igreja essencialmente conciliar, essas decisões devem ser acatadas com humildade por todos os conciliares e comunicadas aos seus respectivos Conselhos e Igreja. Não há espaço para pessoalismos e particularismos (se me permitem os neologismos) em um Concílio. “Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de Conselheiros há segurança”, (Provérbios 11:14) “Onde não há conselho fracassam os projetos, mas com os muitos Conselheiros há bom êxito”. (Provérbios 15:22) “Com medidas de prudência farás a guerra; na multidão de Conselheiros está a vitória”. (Provérbios 24:6)


Precisamos de harmonia e paz para poder crescer. Somente um corpo saudável tem possibilidade de um desenvolvimento que se espera. A paz e a harmonia são resultados que se esperam quando a justiça se manifesta com boa dose de misericórdia. O princípio bíblico contido em Tiago 2.13 declara: “Porque o juízo será sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo”. A legalidade desprovida de amor é legalismo.


Que Deus abençoe nosso Presbitério, nos representantes dos Conselhos e os seus Pastores para que tenham um relacionamento amoroso e fraternal e assim possamos contribuir com o crescimento do Reino de Deus em nossos limites.
Rev. Mauro Sergio Aiello