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sábado, 29 de maio de 2010

O ATEÍSMO CRISTÃO

Há ateus explícitos, ou seja, aqueles que declaram não crer em Deus e pronto. H.G. Wells e George Bernard Shaw são dois exemplos clássicos. No final de suas vidas revelaram total desespero por terem colocado sua confiança em sistemas sem sustentação e vazios de sentido. Há muitos tipos de ateus. Há os que são discretos, mas há blasfemos e irônicos. Todavia, ao olhar para o mundo evangélico dos nosso dias descobri um tipo de ateu, dentro do cristianismo, que é mais letal.

Estava eu um dia no escritório da Igreja quando fui interpelado por um senhor que se dizia bastante experiente como cristão. Tinha voz mansa, atitude de aparente sobriedade, citava as escrituras, contava “experiências” com Deus, criticava os sistemas tradicionais quase dando a entender que as Igrejas históricas não têm poder para testemunhar de Cristo e do seu Santo Evangelho. A conversa demorou mais do que eu gostaria e me senti mesmo enojado com tanta falta de amor e tanta ignorância com respeito às Escrituras. Ao retornar para casa fiquei digerindo aquela conversa e concluí que, apesar do referido senhor ter citado por diversas vezes as Escrituras e ter falado sobre Deus e Cristo, ele não passava de um tipo de ateu. O ateu cristão.

Os ateus cristão são aqueles que com a boca confessam crer em Deus, mas vivem alienados dEle. Esse tipo de ateu se caracteriza de uma forma muito peculiar. Paulo, referindo-se a ele, diz ao Pastor Timóteo: “..tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto o poder (o poder de Deus)”. II Tm. 3.5
Esses ateus cristãos dizem crer em Deus, mas negam isso na prática, pois demonstram não temê-Lo. Vivem na dependência de seus próprios recursos, tramam contra o irmão em Cristo assim como Caim fez com seu irmão Abel, mesmo depois do culto que pretendeu oferecer a Deus. Deus o rejeitou não tanto pela oferta, mas porque seu coração era cheio de perversidade e de projetos iníquos.

O pior ateu não é aquele explicito, mas aquele travestido de cristão. Ele diz crer em Deus, mas precisa ver para crer. A Bíblia, o livro dos cristãos, ensina de forma clara e inequívoca que é o contrário, ou seja, é preciso crer para ver.

O ateu cristão é aquele que vive com um pé no mundo e outro na Igreja, ou vive de Igreja em Igreja tentando achar aquela que, no entendimento dele, é a certa. O que ele não percebe é que sua falta de fé genuína nunca permitirá que ele encontre qualquer lugar onde possa se acomodar porque haverá sempre críticas e dúvidas sobre as pessoas e as instituições.

O ateu cristão vive buscando satisfazer a si mesmo e aos seus anseios e paixões, muitas vezes, camuflados em uma conversinha aparentemente humilde e com “base” bíblica.

O ateu cristão é totalmente infrutífero. Ele fala em evangelismo, mas é o primeiro a não evangelizar. Ele fala em frutificar, mas é totalmente estéril. Ele critica o professor da Escola Bíblica Dominical e o Pregador, mas jamais aceitaria a incumbência de ensinar ou pregar. Ele critica idéias novas, evocando os ensinos do passado, mas não vive por estes e nem está aberto às novidades que nem sempre implicam em pecado. Ele fala que há pessoas que bebem vinho, mas está tão embriagado com seu ego, de tal maneira, que sua língua destrói mais do que o irmão que, na opinião dele, bebe além da conta. O ateu cristão corre para as Escrituras quando se trata de julgar os outros, mas quando se trata de julgar a si mesmo, diz que Jesus ensinou a não julgar.

Cuidado com o ateu cristão. Ele é como o cupim que vive na clandestinidade e deixa um rastro de destruição atrás de si. Ele é como o fariseu que se apresenta como doutor da lei, mas na verdade, doutor da lei que serve para os outros e nunca para ele mesmo, principalmente quando se trata da lei do amor. Cuidado, muito cuidado com o ateu cristão, é melhor ficar longe de gente desse tipo. O pior ateu não é o que diz não crer, mas aquele que diz crer em Deus e vive como um deus para si mesmo.

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