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quinta-feira, 27 de maio de 2010

O PASTOR E A DEVOCIONAL

Queridos irmãos Pastores:

Joel R. Beeke, afirma que em seu livro “The Autobiography of na Eminete Lancashire Preacher” John Kershaw disse: “Deus salva a todos os tipos de pessoas, inclusive o ministro”. Ele justifica essa assertiva ao dizer:


“...embora o ministério seja uma grande vocação para remover o Pastor das atrações de um mundo pecaminoso e amaldiçoado, um dos maiores perigos enfrentados pelo ministro é que ele lida com o sagrado com tanta freqüência que acaba por banalizá-lo”. (Citado na obra “O Ministério Pastoral Segundo a Bíblia, Organizado por John Armstrong—Editora Cultura Cristã, São Paulo—SP, pg 59)

As cartas de Paulo a Timóteo são endereçadas a um Pastor. Timóteo era seu filho na fé e Paulo, mesmo já próximo do martírio, escreve a ele no afã de estimulá-lo e orientá-lo sobre alguns aspectos da poimênica. Nessas duas cartas encontramos princípios para o cuidado pastoral das Igrejas e as qualificações necessárias aos Ministros. Em um dado momento da carta Paulo escreve: “...”Exercita-te, pessoalmente, na piedade”. (I Tm 4.8b)

Para Pastorear crentes é preciso que aquele que se propõe e se diz chamado (vocacionado) para essa tarefa seja crente, exemplo de vida piedosa. Não queremos dizer com isso que o Pastor é perfeito. Somente Jesus, o sumo pastor é aquele que foi Pastor perfeito. Quando afirmamos que o Pastor deve ser exemplo de vida cristã nos referimos ao fato de que ele, mais do que qualquer pessoa da comunidade, é alguém que se esmera em estar em comunhão íntima com Deus Criador, Salvador e Senhor. É exatamente essa relação de intimidade que vai gerar vibração, brilho, ânimo, força e encorajamento ao ministro para poder enfrentar os obstáculos sempre constantes na lida ministerial. Essa intimidade com Deus deve passar por uma agenda que inclua:

Das atividades que compõem a agenda de um Pastor, a exposição da Palavra de Deus é aquela para a qual o Pastor deve dar a máxima importância. Em seu livro “Nove Marcas de Uma Igreja Saudável”, Mark Dever defende a tese de que Deus cria tudo através da sua Palavra. Transcrevo aqui esse notável parágrafo da obra citada:

“Podemos tentar criar um povo em torno de um programa de coral totalmente harmonioso, ou centrado em um determinado grupo social, ou mesmo em torno de um projeto de construção, ou ainda da afirmação de uma identidade denominacional, ou mesmo centralizado em uma série de grupos de assistência social, ou ainda criar um povo ao redor de um projeto comunitário, etc...etc... Deus pode usar todas essas coisas, mas em última análise, o povo de Deus, a Igreja de Deus, pode ser criado, tão somente em torno da Palavra de Deus”.

Ler a Bíblia apenas para preparar sermões, palestras e estudos bíblicos pode nos levar pelo campo da banalização e da profissionalização do ministério. É óbvio que devemos ler e devemos buscar todo o preparo para que nossas prédicas sejam corretas do ponto de vista hermenêutico e compreensível do ponto de vista homilético. Mas o Ministro do Evangelho deve desenvolver um relacionamento de intimidade com a Palavra de Deus de tal maneira que sua exposição seja alicerçada na contrição pessoal, e assim não haverá nenhum traço de juízo sobre sua audiência, pelo contrário ele será humilde na exposição da Escritura porque foi o primeiro a ser quebrantado por ela. E devemos confessar com notória sinceridade: humildade é o tempero que dá sabor à prédica.

Mas há outra atividade indispensável e de valor incalculável a todo cristão e principalmente ao Ministro.

Todos grandes homens de Deus mostraram essa marca distintiva em suas vidas: a oração. Nisso conto minha experiência particular e sobrenatural: os meus melhores momentos em minha carreira como Ministro, foram os momentos em que ousei gastar mais tempo a sós com Deus em oração. É lamentável perceber que muitas vezes a correria que caracteriza a vida de um Ministro pode ser um empecilho para que ele exerça o indispensável habito da oração.

Jesus em seu ministério terreno demonstrou, em todos os momentos, o quão salutar e importante é a oração, a comunhão com Deus. Quando oramos demonstramos o quão dependente somos de Deus e damos um golpe certeiro no orgulho, esse inimigo oculto nos labirintos da alma humana. Quando oramos, e quanto mais oramos, mais claro fica o quanto precisamos orar. Martinho Lutero disse: “Quando você não sente o desejo de orar, aí é que você deve orar”.

Eu sei que os mais críticos vão objetar e dizer que sou simplista demais, mas eu uso a réplica para dizer que não há nada mais simples que o cristianismo puro e verdadeiro. A alma humana é tão complexa que ela se recusa em aceitar aquilo que é simples. Portanto, afirmar que a piedade individual de um cristão e de um Ministro Cristão exige maior contato com as Escrituras e mais tempo de oração pode soar simples, mas é essa simplicidade que vemos em Cristo e em todos que O imitaram e imitam hoje.

Quando Paulo escreveu ao seu filho na fé, Timóteo, ele o exortou nesses termos. (I Tm 2.1-8; 4.11-16, II Tm 2.15; I3.14-17). Oração, intercessão, ensino, doutrina, Escrituras, leitura, meditação, são palavras chaves quando se trata do exercício do Pastorado com verdadeira piedade.

A leitura da Bíblia sem a oração pode nos fazer intelectuais teologicamente falando, mas quando unimos as duas práticas laboramos em prol de uma vida piedosa. Oração sem meditação nas Escrituras, pode nos fazer rasos e superficiais, frágeis demais e sem consistência.

O ministro precisa zelar por sua vida devocional para que esteja sempre pronto e habilitado a cumprir a tarefa para a qual Deus o tem vocacionado e que exige uma vida exemplar na prática da verdadeira piedade.

Rev. Mauro Sergio

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