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sábado, 25 de janeiro de 2014

O PASTOR E ELE MESMO

Como vai você? Não se trata da música do Roberto Carlos, aliás, muito bonita.

Pastor, eu quero saber como vai você, com você mesmo. Sim, com você, ou seja, como é que você se vê por dentro? Isso é muito importante porque se não estivermos bem por dentro, certamente essa situação, por mais que a ocultemos, irá se refletir em nossas palavras e ações. Somos assim como uma represa prestes a romper suas barragens e derramar, inundando tudo ao nosso redor.

Nesse sentido, certa feita, Jesus afirmou que a boca fala do que está cheio o coração. No livro dos Provérbios temos o seguinte dito: "O coração alegre, aformoseia o rosto". (Prov. 15.13) O que temos dentro de nós irá se manifestar, mais cedo ou mais tarde, por mais que tentemos conter, assim como uma represa se rompe quando o seu nível chega acima do que é programado para ela.

Certamente, todos devemos ter essa preocupação, sejam os Pastores ou ovelhas, pura e simplesmente falando. Sim, porque somos seres sociais, vivemos ao redor dos outros e sendo rodeados também. Se estamos bem por dentro, a probabilidade de nos darmos bem com as pessoas, em nossos relacionamentos, é muito maior.

Entretanto, na condição de Secretário Presbiterial de Apoio Pastoral, eu quero questionar você, amado irmão e colega de ministério e a mim mesmo, por que não: Como estamos nós conosco mesmo? Como nos vemos e nos entendemos? Qual o conceito que temos a nosso respeito? (Romanos 12.3) Se há alguém que deve estar de bem consigo mesmo, esse alguém é o Pastor de almas já que ele é responsável pelo cuidado, pastoreio, condição e suporte das ovelhas colocadas sob seus cuidados. Ora, é indiscutível que se estivermos com enormes conflitos internos isso irá redundar em prejuízo para nossos relacionamentos, como nos pronunciamos acima.

Há algumas orientações bíblica que tratam diretamente dessa questão e que tem me servido de ajuda de valor inestimável. Gostaria de compartilhar minha experiência com você.

1) Viva com base em princípios.
A Bíblia está repleta de princípios para a vida. Quando nos esforçamos, sob a ajuda do Espírito Santo, na observância desses princípios e procuramos com esmero viver por eles, já estamos dando um grande passo para que encontremos saúde para nossa alma. Santidade tem tudo a ver com sanidade. Quanto mais santificamos nossas vidas, mais sãos nos tornamos. A Bíblia é o espelho da alma e nela nos vemos refletidos como somos, sem máscaras e sem maquiagem.

2) Tenha um conceito equilibrado a respeito de sim mesmo.
Paulo deixa isso claro logo no início quando vai expor aos irmãos da Igreja de Roma os aspectos práticos da vida cristã. (Romanos 12.3). Desequilíbrio nessa questão é evidencia incontesti de que nossa fé é minuscula e fraca. Um auto-conceito equilibrado é útil, inclusive quando se trata de ver e entender os outros. O orgulho, a soberba, precedem a queda. O orgulho, o auto-conceito exagerado nos faz olhar para os outros com mais rigor do que olhamos para nós mesmo.

3) Não tente agradar a todos.
Quem quer agradar a todos, corre o sério risco de não agradar ninguém. O cristão deve viver para a glória de Deus, sob o temor de Deus, para agradar a Deus (Salmo 37.4). Se tua preocupação é agradar homens, pode acreditar que essa é uma tarefa inglória e que irá desembocar em conflitos. Paulo também diz no mesmo texto já citado da carta aos romanos: "...se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens". Seja prudente quanto a essa questão. Digo isso porque porque por diversas vezes eu era capaz de jurar que estava certo e que por isso não iria mudar de atitude, até que descobri, por obra do Espírito Santo, para minha surpresa, que eu estava equivocado e que havia nos labirintos de minha alma, alguma intenção oculta, inconfessada. Bem, tive que me render às evidências e a Palavra de Deus me levou a agir da forma contrária àquela que eu imaginva. Filtre o que você pensa e os seus valores, tudo que você fala e faz, pela Palavra de Deus, certamente isso poderá não agradar pessoas ao seu redor, mas irá agradar a Deus e isso é o que importa.

4) Controle sua ansiedade e lute em oração contra ela.
Você já deve ter ouvido o ditado popular que diz: "Colocar os pés pelas mãos", ou "O apressado come cru". Isso tem tudo a ver com ansiedade. É a ansiedade que nos leva pelos caminhos da impaciência. A ansiedade é uma das patologias mais comuns dos nossos dias e é exatamente por isso que encontramos um sem número de pessoas impacientes, com "pavio curto", como "um barril de pólvora" pronto a explodir e expalhar por toda parte. A ansiedade pode nos levar a agir de forma preciptada, intempestivamente.

5) Exercite o hábito devocional (Leitura Bíblica e Oração) para seu proveito e intimidade com Deus.
Às vezes, em períodos próximos às minha férias, eu brinco com as pessoas dizendo: - Nessas minhas férias não vou nem ler a Bíblia. Aqueles me ouvem estampam no rosto aquela surpresa e eu completo dizendo: - É que quando leio a Bíblia eu já penso em fazer um Sermão. Como disse é brincadeira. Em minha experiência cristã tenho percebido que os melhores períodos são aqueles nos quais eu oro mais e me humilho mais na presença de Deus. Os meus melhores sermões são aqueles frutos de minhas devocionais, ou seja, eu não me sentei para preparar o que dizer às ovelhas colocadas sob meus cuidados, eu me sentei com a Bíblia diante de mim para ouvir o que Deus tinha para dizer a mim em primeiro lugar. Como é possível alguém instruir crentes a ler a Bíblia e orar, se ele mesmo não pratica tais hábitos.

6) Instrua-se para alimentar os outros e não apenas para seu deleite intelectual.
O Púlpito não é uma tribuna onde o pregador expõe seus conhecimentos, ilustra sua intelectualidade, promove a admiração das pessoas. O Culto não é um Sarau onde o pregador tem a responsabilidade de sensibilizar as pessoas com seus escritos e discursos. O Púlpito, no dizer de C.H. Spurgeon, é o instrumento que oculta os joelhos trôpegos do pregador porque ele sabe que irá falar sobre o Deus revelado na Bíblia e que essa é uma tarefa por demais difícil e séria. O Culto é o momento no qual o fiel anseia ouvir a voz de Deus na exposição fiel das Sagradas Escrituras. A voz do Ministro tem que revelar humildade e severidade, sinceridade e profundidade, simplicidade e seriedade, juízo e amor, empatia e simpatia. 

Compreendo que a atividade Pastoral é uma honra e um privilégio, mas que representa, também, uma imensurável responsabilidade. O Pastor precisa ter em sua pele o odor das ovelhas. O Pastor precisa viver e sentir com suas ovelhas, sonhar com elas, sofrer com elas, crescer com elas. 

Como está você Pastor? Bem, espero que você esteja muito bem porque isso irá redundar em bençãos para as ovelhas que Deus colocou sob seus cuidados.


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